Enfermagem Facimed

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Aulas de História da Enfermagem 10/09/2012


ENTIDADES DE CLASSE NA ENFERMAGEM




Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn


Sociedade civil sem fins lucrativos que congrega enfermeiras e técnicos em enfermagem, fundada em agosto de 1926, sob a denominação de "Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras". É uma entidade de direito privado, de caráter científico e assistencial regida pelas disposições do Estatuto, Regulamento Geral ou Regimento Especial em 1929, no Canadá, na Cidade de Montreal, a Associação Brasileira de Enfermagem, foi admitida no Conselho Internacional de Enfermeiras (I.C.N.). Por um espaço de tempo a associação ficou inativa.
Em 1944, um grupo de enfermeiras resolveu reerguê-la com o nome Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas. Seus estatutos foram aprovados em 18 de setembro de 1945. Foram criadas Seções Estaduais, Coordenadorias de Comissões. Ficou estabelecido que em qualquer Estado onde houvesse 7 (sete) enfermeiras diplomadas, poderia ser formada uma Seção. Em 1955, esse número foi elevado a 10 (dez). Em 1952, a Associação foi considerada de Utilidade Pública pelo Decreto nº 31.416/52.
Em 21 de agosto de 1964, foi mudada a denominação para Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn, com sede em Brasília, funciona através de Seções formadas nos Estados, e no Distrito Federal, as quais, por sua vez, poderão subdividir-se em Distritos formados nos Municípios das Unidades Federativas da União.


1. Finalidades da ABEn

-          Congregar os enfermeiros e técnicos em enfermagem, incentivar o espírito de união e solidariedade entre as classes;
-          Promover o desenvolvimento técnico, científico e profissional dos integrantes de Enfermagem do País;
-          Promover integração às demais entidades representativas da Enfermagem, na defesa dos interesses da profissão.

2. Estrutura

A ABEn é constituída pelos seguintes órgãos, com jurisdição nacional:
a) Assembléia de delegados
b) Conselho Nacional da ABEn (CONABEn)
c) Diretoria Central
d) Conselho Fiscal


3. Realizações da ABEn

 

Congresso Brasileiro em Enfermagem - Uma das formas eficazes que a ABEn utiliza para beneficiar a classe dos enfermeiros, reunindo enfermeiros de todo o país nos Congressos para fortalecer a união entre os profissionais, aprofundar a formação profissional e incentivar o espírito de colaboração e o intercâmbio de conhecimentos.



 Revista Brasileira de Enfermagem - A Revista Brasileira de Enfermagem é Órgão Oficial, publicado bimestralmente e constitui grande valor para a classe, pois trata de assuntos relacionados à saúde, profissão e desenvolvimento da ciência. A idéia da publicação da Revista surgiu em 1929, quando Edith Magalhães Franckel, Raquel Haddock Lobo e Zaira Cintra Vidal participaram do Congresso do I.C.N. em Montreal, Canadá.

Numa das reuniões de redatoras da Revista, Miss Clayton considerou indispensável ao desenvolvimento profissional a publicação de um periódico da área. Em maio de 1932 foi publicado o 1º número com o nome de "Anais de Enfermagem", que permaneceu até 1954. No VII Congresso Brasileiro de Enfermagem foi sugerida e aceita a troca do nome para "REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM"- ABEn (REBen). Diversas publicações estão sendo levadas a efeito: Manuais, Livros didáticos, Boletim Informativo, Resumo de Teses, Jornal de Enfermagem.


SISTEMA COFEN/CORENs





1.
Histórico

a) Criação- Em 12 de julho de 1973, através da Lei 5.905, foram criados os Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem, constituindo em seu conjunto Autarquias Federais, vinculadas ao Ministério do Trabalho e Previdência Social. O Conselho Federal e os Conselhos Regionais são Órgãos disciplinadores do exercício da Profissão de Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem. Em cada Estado existe um Conselho Regional, os quais estão subordinados ao Conselho federal, que é sediado no Rio de Janeiro e com Escritório Federal em Brasília.

b) Direção- Os Conselhos Regionais são dirigidos pelos próprios inscritos, que formam uma chapa e concorrem à eleições. O mandato dos membros do COFEN/CORENs é honorífico e tem duração de três anos, com direito apenas a uma reeleição. A formação do plenário do COFEN é composta pelos profissionais que são eleitos pelos Presidentes dos CORENs.

c) Receita- A manutenção do Sistema COFEN/CORENs é feita através da arrecadação de taxas emolumentos por serviços prestados, anuidades, doações, legados e outros, dos profissionais inscritos nos CORENs.

d) Finalidade- O objetivo primordial é zelar pela qualidade dos profissionais de Enfermagem e cumprimento da Lei do Exercício Profissional.

O Sistema COFEN/CORENs encontra-se representado em 27 Estados Brasileiros, sendo este filiado ao Conselho Internacional de Enfermeiros em Genebra.


2. Competências

 Conselho Federal de Enfermagem (COFEN)


-          Normatizar e expedir instruções, para uniformidade de procedimento e bom funcionamento dos Conselhos Regionais;
-          Esclarecer dúvidas apresentadas pelos CORENs;
-          Apreciar Decisões dos COREns;
-          Aprovar contas e propostas orçamentárias de Autarquia, remetendo-as aos Órgãos competentes;
-          Promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional;
-          Exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas por lei.


- Conselho Regional de Enfermagem (COREN)

-          Deliberar sobre inscrições no Conselho e seu cancelamento;
-          Disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observando as diretrizes gerais do COFEN;
-          Executar as instruções e resoluções do COFEN;
-          Expedir carteira e cédula de identidade profissional, indispensável ao exercício da profissão, a qual tem validade em todo o território nacional;
-          Fiscalizar e decidir os assuntos referentes à Ética Profissional impondo as penalidades cabíveis;
-          Elaborar a proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento interno, submetendo-os a aprovação do COFEN;
-          Zelar pelo conceito da profissão e dos que a exercem;
-          Propor ao COFEN medidas visando a melhoria do exercício profissional;
-          Eleger sua Diretoria e seus Delegados a nível central e regional;
-          Exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas pela Lei 5.905/73 e pelo COFEN.


3. Sistema de Disciplina e Fiscalização


O Sistema de Disciplina e Fiscalização do Exercício Profissional da Enfermagem, instituído por lei, desenvolve suas atividades segundo as normas baixadas por Resoluções do COFEN. O Sistema é constituído dos seguintes objetivos:

a) Área disciplinar normativa: Estabelecendo critérios de orientação e aconselhamento para o exercício da Enfermagem, baixando normas visando o exercício da profissão, bem como atividade na área de Enfermagem nas empresas, consultórios de Enfermagem, observando as peculiaridades atinentes à Classe e a conjuntura de saúde do país.

b) Área disciplinar corretiva: Instaurando processo em casos de infrações ao Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, cometidas pelos profissionais inscritos e, no caso de empresa, processos administrativos, dando prosseguimento aos respectivos julgamentos e aplicações das penalidades cabíveis; encaminhando às repartições competentes os casos de alçada destas.

c) Área fiscalizatória: Realizando atos e procedimentos para prevenir a ocorrência de Infrações à legislação que regulamenta o exercício da Enfermagem; inspecionando e examinando os locais públicos e privados, onde a Enfermagem é exercida, anotando as irregularidades e infrações verificadas, orientando para sua correção e colhendo dados para a instauração dos processos de competência do COREN e encaminhando às repartições competentes, representações.

DECRETO N 94.406/87 – REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM
Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras providências
O Presidente da República, usando das atribuições que lhe confere o Art. 81, item III, da Constituição, e tendo em vista o disposto no Art. 25 da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986,
Decreta:
Art. 1º - O exercício da atividade de Enfermagem, observadas as disposições da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, e respeitados os graus de habilitação, é privativo de Enfermeiro, Técnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem e Parteiro e só será permitido ao profissional inscrito no Conselho Regional de Enfermagem da respectiva região.
Art. 2º - As instituições e serviços de saúde incluirão a atividade de Enfermagem no seu planejamento e programação.
Art. 3º - A prescrição da assistência de Enfermagem é parte integrante do programa de Enfermagem.
Art. 4º - São Enfermeiros:
I - o titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituição de ensino, nos termos da lei;
II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, conferidos nos termos da lei;
III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as respectivas leis, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz;
IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obtiveram título de Enfermeira conforme o disposto na letra "d" do Art. 3º. do Decreto-lei Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961.
Art. 5º. São técnicos de Enfermagem:
I - o titular do diploma ou do certificado de técnico de Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e registrado no órgão competente;
II - o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de técnico de Enfermagem.
Art. 6º São Auxiliares de Enfermagem:
I - o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido por instituição de ensino, nos termos da Lei e registrado no órgão competente;
II - o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de junho de 1956;
III - o titular do diploma ou certificado a que se refere o item III do Art. 2º. da Lei nº 2.604, de 17 de setembro de1955, expedido até a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
IV - o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, nos termos do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;
V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de fevereiro de 1967;
VI - o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certificado de Auxiliar de Enfermagem.
Art. 7º - São Parteiros:
I - o titular de certificado previsto no Art. 1º do nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado o disposto na Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;
II - o titular do diploma ou certificado de Parteiro, ou equivalente, conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as respectivas leis, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 26 de junho de1988, como certificado de Parteiro.
Art. 8º - Ao enfermeiro incumbe:
I - privativamente:
a) direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública ou privada, e chefia de serviço e de unidade de Enfermagem;
b) organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços;
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de Enfermagem;
d) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem;
e) consulta de Enfermagem;
f) prescrição da assistência de Enfermagem;
g) cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida;
h) cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas;
II - como integrante da equipe de saúde:
a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde;
c) prescrição de medicamentos previamente estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde;
d) participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação;
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar, inclusive como membro das respectivas comissões;
f) participação na elaboração de medidas de prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados aos pacientes durante a assistência de Enfermagem;
g) participação na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral e nos programas de vigilância epidemiológica;
h) prestação de assistência de enfermagem à gestante, parturiente, puérpera e ao recém-nascido;
i) participação nos programas e nas atividades de assistência integral à saúde individual e de grupos específicos, particularmente daqueles prioritários e de alto risco;
j) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
l) execução e assistência obstétrica em situação de emergência e execução do parto sem distocia;
m) participação em programas e atividades de educação sanitária, visando à melhoria de saúde do indivíduo, da família e da população em geral;
n) participação nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde, particularmente nos programas de educação continuada;
o) participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças profissionais e do trabalho;
p) participação na elaboração e na operacionalização do sistema de referência e contra-referência do paciente nos diferentes níveis de atenção à saúde;
q) participação no desenvolvimento de tecnologia apropriada à assistência de saúde;
r) participação em bancas examinadoras, em matérias específicas de Enfermagem, nos concursos para provimento de cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal Técnico e Auxiliar de Enfermagem.
Art. 9º - Às profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, além das atividades de que trata o artigo precedente, incumbe:
I - prestação de assistência à parturiente e ao parto normal;
II - identificação das distócias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico;
III - realização de episiotomia e episiorrafia com aplicação de anestesia local, quando necessária.


TRADIÇÕES E SIMBOLOGIA NA ENFERMAGEM
A fim de entender como a questão cultural influencia no modo de agir do ser humano, em especial no ato de amamentar, buscamos fundamentação nos conceitos culturais de crença, fé, mito e tradição para compreender a transmissão cultural das crenças alimentares.
Crença - "convicção íntima; opinião adotada com fé e convicção".
 Fé - sinônimo de "confiança".
Mitos -  são "representações de fatos ou personagens reais, exagerada pela imaginação popular, pela tradição, etc".
Tradição - quer dizer "transmissão oral de lendas, fatos, etc., de idade em idade, geração em geração. Conhecimento ou prática resultante de transmissão oral ou de hábitos inveterados".

Vestimentas, toucas, broches e o uso do branco
Os séculos XVII e XVIII marcaram na Inglaterra um ponto crucial e decisivo na história, o grande movimento da moralidade, comumente chamado de puritano, começou a transformar a velha e alegre Inglaterra num país mais sóbrio e firme.
A cor preta ou escura vinha de encontro à necessidade de evidenciar o puritanismo   vigente, resquício dos séculos anteriores às pessoas que trabalham na Enfermagem, encontram confirmação em Miranda (1994) “as leigas, deixadas a lascividade, eram mulheres bêbadas, miseráveis, rudes, prostitutas, desonestas, sem formação, portanto nelas ausente qualquer componente da moralidade.”
Entretanto, as práticas de saúde também eram realizadas por religiosas. “a rigidez disciplinar, o autocontrole, a assexualidade (a metaforização do anjo branco), a firmeza, entre outras, eram características morais que demarcaram o comportamento das irmãs de caridade e/ou religiosas.”
Sendo assim, deste contexto histórico, surgem duas referências na história da enfermagem: de um lado, a devassa desqualificada e de outro, a puritana e religiosa, que se vestiam com as devidas diferenças.
A Enfermagem Moderna tem seu lastro neste âmbito. O fundamento da profissão dá-se a partir de uma mulher oriunda da burguesia, diferenciada da imagem da devassa e, em parte, da imagem de religiosa.
O ponto crucial desta mudança no seu modo de vestir, ocorreu durante e após a prestação de assistência aos soldados na Guerra da Criméia (1854). Os grandes vestidos que usava, até então, tornaram-se incompatíveis com as condições de atendimento em qualquer hospital de campanha.
Ellis e Hartley (1998, p. 46) confirmam que: ”Os uniformes antigos eram em geral longos, muito engomados, e tinham golas e punhos bem visíveis. Um uniforme completo, freqüentemente, incluía um manto longo que cobria o uniforme. Por volta de 1900, o uniforme tornou-se mais funcional e a barra foi levantada.
Desta forma, começa a delinear-se um estilo de vestimenta que se adequasse ao trabalho da Enfermeira. A não adequação das roupas usadas pelas cuidadoras da época indicava a necessidade de maior praticidade relativa aos tecidos e estilo a serem adotados mas, que ao mesmo tempo, evidenciasse que havia uma nova profissão emergindo e que  deveria adquirir características próprias no vestir.
Sob esta ótica a roupa de trabalho da Enfermeira seguiu um padrão de puritanismo até o final da década de 20. O padrão que permeou o fim do século XIX até o início da década de 20 baseava-se na indumentária das religiosas (sem o uso de avental, estilo doméstica sobre este) que por muito tempo foram detentoras da prática de Enfermagem nas Casas de Misericórdia.
Desta maneira a vestimenta da Enfermeira era um vestido longo, com mangas também  longas, de cor levemente acinzentada ou branca, em que já tinham sido abolidos alguns artifícios para mantê-lo armado. O decote apresentava-se levemente afastado do pescoço. Em paralelo, a partir desta época a cor branca começou a ser preferida pela Enfermagem, significando pureza e castidade, como imaginado em 1800.
A Enfermeira vestida de branco, traduz a metaforização de um anjo (Miranda, 1994), e anjos são assexuados.
Chama atenção nestas roupas, o uso da touca acrescida de um véu, deixando que apenas um pouco do cabelo ficasse exposto. Assim, como enfatizado neste mesmo capítulo por Miranda (1994, p. 154), “o uso de gorros que escondessem os cabelos” buscavam inibir qualquer conotação de apelo à sexualidade.
Além dos aspectos referentes à touca, as Enfermeiras de outros países onde o sistema Nightingale já havia sido implementado, adotaram o uso do broche fixado ao uniforme juntamente com uma fita de cor escura.
Nas palavras de Ellis e Hartley (1998, p.45), o broche de enfermagem pode “datar do tempo das Cruzadas, quando os Cruzados marchando até Jerusalém, para reaver a Terra Sagrada tiveram cruzes gravadas em suas cabeças ou no peito como símbolo de boa fortuna”.
Na década de 20, a silhueta característica, como dito, era tubular, com os vestidos mais curtos e leves. As Enfermeiras adequaram suas roupas à Moda dominante, mas com o uso de aventais brancos estilo doméstico sobre as mesmas e ,por vezes ,com saias de armação. Os vestidos eram com golas recatadas, enfeitadas por rendas, sem os decotes. A renda parecia apropriada para o uniforme de uma profissão que se apresentava ligada ao sexo feminino. Por outro lado, os pés, antes escondidos, agora já podiam ser mostrados com menor vergonha. As toucas, adorno tão estimados das cuidadoras do século passado, agora se faziam presentes, mas como pequenas faixas deixando o cabelo à mostra.
Tal modificação do estilo da touca, encontra confirmação em Ellis e Hartley (1998, p.46), que “a cobertura da cabeça ficou menor e perdeu seu lenço ou sua ligação com o véu”. Este fato deve ter trazido enorme satisfação, visto que desde os tempos de Florence as toucas já pareciam ser incômodas e deveriam gerar inconformidade em quem as usava.
Os aspectos pertinentes a pudor e proteção se faziam presentes ao observar-se o corpo ainda quase totalmente coberto por um vestido fechado e o avental, usado sobre o vestido, deveria ter o objetivo de proteger contra sujidade, como já foi afirmado As Enfermeiras da década de 30 já passavam a exibir uma silhueta mais funcional, mas ainda pudica.
Os vestidos tinham saias semi-longas , em corte mais reto, que valorizavam as formas femininas. A cintura era bem marcada, geralmente por um cinto. Os uniformes não tinham mais demarcações de rendas nas golas e punhos, como as dos vestidos mais antigos. No vestido já era empregada, preferentemente, a cor branca, com uma blusa de mangas compridas que ficava sob o mesmo, na cor azul clara era mais adotada deixando as mulheres desta época à vontade para usar os cabelos da maneira que quisessem. Todavia, este querer não era tão liberal, pois, como ainda hoje, eram mantidos presos à nuca, geralmente com coques e/ ou compactados à cabeça por produtos fixadores e/ou muitos grampos. Em alguns locais, o adotado era uma mescla de touca-chapéu que não prendia os cabelos e era usada apenas com função de identificação para as Enfermeiras.
Essa espécie de touca-chapéu, resquício evidente da era Vitoriana, era incômoda e inadequada para o trabalho de Enfermagem.
Seguindo o compasso de mudanças, os anos 50 retomam os traços de feminilidade, A touca/chapéu se fez presente, exigindo cabelos presos com coques, já utilizados em décadas anteriores. Em algumas Instituições, com escala hierárquica mais rígida, era costumeiro adotar listras transversais em tom azul escuro sobre o tecido branco da touca/chapéu, sendo que estas listras tinham finalidade de identificar o “posto ou função”. A cor branca, cada vez mais, caracteriza a vestimenta da Enfermeira, agregando novos simbolismos. Assim, na opinião de Ellis e Hartley (1998, p. 46) a cor branca adquiriu outros significados: ”a enfermeira vestida em um uniforme branco, ao menos nos anos 50 e 60, veiculava uma impressão de confiança, competência, profissionalismo, autoridade, atribuições e responsabilidade”.
Enfocando a situação geral da Enfermagem no Brasil, o ano de 1973 trouxe a esperada criação de um órgão fiscalizador e de registro profissional - o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Uma das primeiras medidas adotadas pelo COFEN, foi o registro de todas as categorias profissionais de Enfermagem, sendo, também, seu desejo unificar um modelo de uniforme que distinguisse estas categorias. Grandes discordâncias ocorreram em função desta decisão, fazendo com que a presidente decretasse que o uso do uniforme ficaria a cargo de cada instituição.
A década de 90 iniciou com boas perspectivas quanto à autonomia da Enfermagem a partir nova Lei do Exercício Profissional, em 1986. Na construção de uma nova imagem, a Moda da década de 90 atendeu aos anseios desta mulher/ Enfermeira.
As Enfermeiras usufruíam desta liberdade reinventando trajes diferenciados para “posto ou função”  ao adotarem o jaleco de cor azul marinho, usado sobre calças ou saias na cor branca ou no mesmo tom de azul e blusas na cor branca. Atualmente cada instituição tem seu uniforme padronizado, mas o branco predomina em grande parte dos hospitais.

 

O SÍMBOLO DA ENFERMAGEM                



Resolução COFEN-218

O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), no uso de suas atribuições legais estatutárias; Em 09 de julho de 1999, regulamenta a padronização de juramento, pedra, cor e símbolos a serem utilizados nas solenidades de formaturas ou representativas da profissão.


Simbologia Aplicada à Enfermagem

Os significados dados aos símbolos utilizados na Enfermagem, são os seguintes:
Lâmpada: caminho, ambiente
Cobra: magia, alquimia - Cobra + cruz: ciência
Seringa: técnica
Cor verde: paz, tranqüilidade, cura, saúde
Pedra símbolo da Enfermagem: esmeralda
Cor que representa a Enfermagem: verde esmeralda
Símbolo: lâmpada, conforme modelo apresentado.

Brasão ou marca de anéis ou acessórios:

Enfermeiro: lâmpada e cobra + cruz



Técnico e Auxiliar de Enfermagem: lâmpada e seringa II


  
Juramento da enfermagem:

 “Solenemente, na presença de Deus e desta assembléia, juro: Dedicar minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, exercendo a Enfermagem com consciência e fidelidade; guardar os segredos que me forem confiados; respeitar o ser humano desde a concepção até depois da morte; não praticar atos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano; atuar junto à equipe de saúde para o alcance da melhoria do nível de vida da população; manter elevados os ideais de minha profissão, obedecendo os preceitos da ética, da legalidade e da mora, honrando seu prestígio e suas tradições”.


O hino da enfermagem


Canção Símbolo da Enfermagem - "AMOR E LUZ"

Amor e luz , a mão que toca e faz
A dor ficar menor, o seu olhar a afaga
Amor e luz no silêncio das noites
O guardião da vida, basta você chamar
Vive a vida, pra tantas vidas
Muitas vezes sem saída
Nem o tempo cura as vezes essas feridas
Mas um sedativo é sempre o ombro amigo
O Enfermeiro, a Enfermeira
Transcendem sua lutas pelos leitos
O Enfermeiro, a Enfermeira
Já é eleito em nossos corações amor e luz
Amor e luz
Amor e luz, uma bandeira branca avisa
A vida sempre vale mais
Amor e luz
Amor e luz, chama acesa, vida em tantos hospitais
Vive a vida, pra tantas vidas
Muitas vezes sem saída
Nem o tempo cura às vezes essas feridas
Mas um sedativo é sempre um ombro amigo
O Enfermeiro, a Enfermeira
Transcendem suas lutas pelos leitos
O Enfermeiro, a Enfermeira
Já é eleito em nossos corações amor e luz
Amor e luz
Amor e luz,uma bandeira branca avisa
A vida sempre vale mais
Amor e luz
Amor e luz, chama acesa
Vida em tantos hospitais
Autores: W. Luiz / N Farias

Bibliografia

TURKIEWICZ, Maria. História da Enfermagem. Paraná, ETECLA, 1995.
GEOVANINI, telma; ...(et.ali.) História da Enfermagem : versões e Interpretações. Rio de janeiro, Revinter, 1995.
BRASIL, Leis, etc. Lei 5.905, de 12 de julho de 1973. Dispõe sobre a criação dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 13 de julho de 1973. Seção I, p. 6.825.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Documentos Básicos de Enfermagem.
CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. Home-page

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Materia das Aulas de METODOLOGIA CIENTÍFICA Parte 2




MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO


METODOLOGIA CIENTÍFICA
Parte 2 -  ELABORAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS




Profª Esp. Angela Antunes de Morais Lima



CACOAL – RO
2012

ELABORAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS

Para a realização do projeto de pesquisa e, principalmente, para a elaboração da revisão de literatura, os processos de leitura e fichamento de textos são fundamentais. Ter condições de elaborar resumos e resenhas é importante na medida em que facilita o processo de síntese e análise dos documentos lidos (CRUZ & RIBEIRO, 2004).

      1. LEITURA

 O objetivo aqui não é ensinar a “ler” e sim “como ler”. Desta forma diferentes recursos comportamentais podem ser levados em consideração para aumentar a eficiência do processo. Tudo começa com a compreensão de quem somos e como somos, i.e., devemos conhecer nossos limites e necessidades, e.g., horário de maior propensão às atividades física e mental, nível de concentração, alimentos, cheiros e sons interferentes, dentre outros.
Como ler e escrever bem? Em se falando de neurociência da educação e construção do cognitivo, a espécie humana (Homo sapiens), em sendo sapiens tal como muitos outros animais, passa por um processo de aprendizagem a cerca da produção de textos originais.
Em primeiro lugar, aprendemos a falar repetindo o que ouvimos. Mais tarde, começamos a verbalizar nossas próprias idéias! Similarmente, aprendemos a escrever fazendo cópias do que lemos e, depois, aprendemos a resumir/explicar textos de outros usando nossas próprias palavras. Por fim, aprendemos a produzir textos com nossas próprias idéias! Poesia, prosa, textos jornalísticos, textos científicos, dentre outros.
Uma regra geral devemos ter em mente: Para escrever bem, precisamos, pelo menos, de CONHECIMENTO SOBRE O TEMA, adquirido através de Leituras, aulas, palestras, debates,… e de TÉCNICAS DE REDAÇÃO.

Leitura e compreensão do texto: A leitura pode ser textual, temática ou interpretativa (CRUZ & RIBEIRO, 2004), deve ter um objetivo claro (e.g., assimilação de conhecimento; busca de novo conhecimento; preparação intelectual para assumir posicionamentos críticos diante da realidade ou gerar conhecimento novo). Desta forma um primeiro passo é delimitar o tema da leitura, i.e., vamos ler sobre que assunto? Em seguida devemos saber o que desejamos capturar na leitura, i.e., procurar alguma informação específica ou tudo que foi escrito sobre algum tema geral?

Tipos de leitura: Existem diversas classificações (autores diferentes). Apresenta-se agora uma adaptação de CRUZ & RIBEIRO (2004) com obs. pess.
n  Não leitura ou Leitura desatenta
         Passa os olhos sobre as palavras sem atentar para nenhuma
n  Skimming ou Leitura da idéia
         Procura captar a tendência geral do texto
        Leitura superficial de títulos e subtítulos, e de alguns parágrafos
n  Leitura de significancia
         Procura obter uma visão geral do texto.
        Leitura rápida, sem se deter ou retornar a parágrafos já lidos
n  Leitura de estudo
         Ler, reler, anotar e resumir o texto.
        Visa assimilação do que está sendo estudado
n  Leitura crítica
         Reflexão, avaliação e comparação com o que se leu antes.
        Análise crítica do que foi estudado
        Formação das nossas próprias idéias!
n  Scanning ou Leitura de busca
         Quando se procura (objetivamente) um certo tópico no texto.

LEITURA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS


É necessário estimular a prática da leitura crítica de artigos científicos, de forma a aprimorar a formação acadêmica. /com este objetivo apresenta-se um pequeno resumo de procedimentos para estabelecer a leitura crítica de artigos científicos originais (artigos de revisão, apresentam outras características para a análise). Esperando-se que sirvam de ajuda para o aperfeiçoamento científico e, também, de estímulo para o estudo da epidemiologia e da metodologia científica.

  1. Inicie lendo o título do artigo
  2. Leia o nome do autor do artigo, da revista e a data.
  3. Leia o Resumo
  4. Leia a introdução  - Tente identificar o objetivo e a justificativa do estudo? O pesquisador deve convencê-lo de que sua abordagem sobre a questão é suficientemente inovadora para que você gaste seu tempo lendo o artigo, além de que será necessário conhecer o quadro teórico para avaliar o nexo biológico e clínico dos achados, e a relevância clínica.

  1. Leia o material e métodos - Qual a população de referência? ( doente, sadios, cidade, município, distribuição etária e sexo), Qual a população do estudo (qual o numero de participantes)? A localidade e o período do estudo

  1. Leia a seção de resultados - Quais são os achados principais? As variáveis de confusão foram adequadamente controladas?)  Se não houve significância estatística, qual o poder estatístico do estudo? ( considerar o tamanho amostra e a freqüência do evento ).

  1. Leia as conclusões – As conclusões estão justificadas, frente aos resultados apresentados? Elas são relevantes e relação aos objetivos do estudo?  Suas conclusões concordam com as dos autores?
  2. Os resultados encontrados são discutidos e comparados aos de outros pesquisadores?


               2.  RESUMO

 Além do fichamento de resumo, que é uma forma de organizar com um resumo feito por você de um trabalho lido de outrem, praticamente todos os artigos científicos publicados contêm uma versão sintética de seu conteúdo, elaborada pelo próprio autor e apresentada na língua original do texto e em outra língua que normalmente é o inglês.
Qual a sua importância? Definição? Como deve ser? A Norma NBR 6028 (COLÉGIO RAINHA DA PAZ, 2004), da Associação Brasileira de Normas Técnicas, define resumo como "apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto". Uma apresentação sucinta, compacta, dos pontos mais importantes de um texto. Esta definição pode, no entanto, ser melhorada: resumo é uma apresentação sintética e seletiva das idéias de um texto, ressaltando a progressão e a articulação delas. Nele devem aparecer as principais idéias do autor do texto.
 O resumo abrevia o tempo dos pesquisadores; difunde informações de tal modo que pode influenciar e estimular a consulta do texto completo. Deve conter:
·         deve destacar o assunto do trabalho;
·         o objetivo do texto;
·         a articulação das idéias;
·         as conclusões do autor da obra resumida;
·         ser redigido em linguagem objetiva;
·         não apresentar juízo crítico;
·         ser inteligível por si mesmo (isto é, dispensar a consulta ao original);
·         evitar a repetição de frases inteiras do original;
·         respeitar a ordem em que as idéias ou fatos são apresentados.

Para o pesquisador o resumo é um instrumento de trabalho. Um resumo pode ter variadas formas: apresentar apenas um sumário das idéias do autor, narrar as idéias mais significativas, condensar o conteúdo de tal modo que dispense a leitura do texto original.

Os procedimentos para realizar um resumo incluem:
·         Em primeiro lugar, descobrir o plano da obra a ser resumida.
·         Em segundo lugar, a pessoa que está realizando-o deve responder, no resumo, a duas perguntas: o que o autor pretende demonstrar? De que trata o texto?
·         Em terceiro lugar, deve-se ater às idéias principais do texto e a sua articulação. Muito importante nesta fase é distinguir as diferentes partes do texto.
·         A fase seguinte é a de identificação de palavras-chaves.
·         Finalmente, passa-se à redação do resumo.

Estilo e extensão: O resumo deve salientar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões do trabalho. Não é desejável que se esqueça de apresentar os objetivos e os assuntos do texto original, bem como os métodos e técnicas de abordagem, mas sempre de forma concisa. Também será objeto do resumo a descrição das conclusões, ou seja, as conseqüências dos resultados.
A norma da ABNT recomenda que o resumo tenha até 100 palavras se for de notas e comunicações breves. Se se tratar de resumo de monografias e artigos, sua extensão será de até 250 palavras. Resumo de relatórios e teses podem ter até 500 palavras. Quanto ao estilo, deve ser composto com frases concisas, evitando-se enumerar tópicos. A primeira frase explica o assunto do texto. Em seguida, indica-se a categoria do tratamento. Do que se trata? De estudo de caso, de análise da situação? Preferencialmente, serão escritos os resumos em terceira pessoa do singular e com verbos na voz ativa. Resumo é, pois, uma apresentação concisa de elementos relevantes de um texto; um procedimento de reduzir um texto sem destruir-lhe o conteúdo. Constitui-se em forma prática de estudo que participa ativamente da aprendizagem, uma vez que favorece a retenção de informações básicas.

Técnicas de elaboração de resumo: O resumo deve destacar os elementos bibliográficos do texto; sua ficha técnica (sobrenome do autor, nome; título da obra; local de publicação do texto; editora; ano; páginas), o tipo de texto, o gênero a que se filia (literário, didático, acadêmico) o resumo do conteúdo (assunto do texto, objetivo, métodos, critérios utilizados, conclusões do autor da obra resumida). Dica: a elaboração de resumos exige mais habilidade de leitura que de escrita. O resumo permite melhor compreensão das idéias expostas, uma vez que, para realizá-lo, é necessário apreender a estrutura do parágrafo.

Não cabem no resumo comentários ou julgamentos apreciativos. E ainda acrescentam que a dificuldade de resumir um texto pode advir da complexidade do texto (vocabulário, estrutura sintática, relações lógicas), bem como da competência do leitor. Para reduzir as dificuldades de elaboração de resumos, recomenda-se ler o texto do começo ao fim, sem interrupções. Nesta fase inicial, responde-se à questão: de que trata o texto? Na segunda leitura, decodificam-se frases complexas, recorre-se ao dicionário para solução do vocabulário. Em terceiro lugar, segmenta-se o texto, dividindo-o em blocos temáticos, de idéias (ou de espaço, ou de tempo, ou de personagens) que tenham unidade de significação. Finalmente, redige-se o resumo com as próprias palavras.



Ficha de resumo:

Físico (tamanho e formato):
Grande (12,5 x 20,5 cm)
Médio (10,5 x 15,5 cm)
Pequeno (7,5 x 12,5 cm)

Composição
Cabeçalho
Referências bibliográficas
Corpo ou texto
Local

Esta ficha deve ser organizada/arquivada tal como a ficha bibliográfica por autor, entretanto deve conter o resumo feito por você do trabalho lido.
Desta forma deve-se esquematizar um processo de leitura, de estruturação, de retirada de informações e anotações das mesmas para abordar todos os itens do trabalho lido. Assim, o resumo a ser construído nesta ficha de ser uma condensação do texto e deve apresentar todo o pensamento exposto no texto, não apenas um fragmento, deve apresentar as idéias principais, respeitando suas inter-relações e deve ser feito a partir das duas etapas anteriores (a saber anotações corridas e esquema de idéias). Não de ser uma colcha de retalhos, pois deve apresentar coesão e coerência (a legibilidade do texto deste resumo depende, em grande parte, da sua coesão gramatical e da coerência das idéias apresentadas).

Ficha de Resumo: é uma síntese das principais idéias contidas na obra. O pesquisador elabora esta síntese com suas próprias palavras, não sendo necessário seguir a estrutura da obra.   Exemplo:
Cabeçalho
(título do texto)
Educação da Mulher: a Perpetuação da Injustiça
Histórico do Papel da Mulher na Sociedade
Referencias Bibliográfica
TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p.
(Tudo é História, 145)

Resumo

      O trabalho da autora baseia-se em análise de textos e na sua própria vivência nos movimentos feministas, como um relato de uma prática.      A autora divide seu texto em fases históricas compreendidas entre Brasil Colônia (1500-1822), Império (1822-1889), República (1889-1930), Segunda República (1930-1964), Terceira República e o Golpe (1964-1985), o ano de 1968, Ano Internacional da Mulher (1975), além de analisar a influência externa nos movimentos feministas no Brasil. Em cada um desses períodos é lembrado os nomes das mulheres que mais se sobressaíram e suas atuações nas lutas pela libertação da mulher.   A autora trabalha ainda assuntos como as mulheres da periferia de São Paulo, a participação das mulheres na luta armada, a luta por creches, violência, participação das mulheres na vida sindical e greves, o trabalho rural, saúde, sexualidade e encontros feministas.  Depois de suas conclusões onde, entre outros assuntos tratados, faz uma crítica ao pós-feminismo defendido por Camile Paglia, indica alguns livros para leitura.
Local
Biblioteca da FACIMED
Observação: Existem dois tipos de resumos:
a)      Informativo: são as informações específicas contidas no documento. Nesta ficha pode-se relatar sobre objetivos, métodos, resultados e conclusões. Sua precisão pode substituir a leitura do documento original.
b)     Indicativo: são descrições gerais do documento, sem entrar em detalhes da obra analisada (o exemplo acima refere-se a um resumo indicativo).


3. RESENHA

Resenhar significa resumir, sintetizar, destacar os pontos principais de uma obra científica.
 De forma geral, resenha é um resumo modificado pela inclusão de texto próprio sobre o texto a ser resenhado. É um trabalho de síntese que revistas e jornais científicas publicam geralmente logo após a edição de uma obra, com o objetivo de divulgá-la. Não se trata de um simples resumo. O resumo deve se limitar ao conteúdo do trabalho, sem qualquer julgamento de valor. Já a resenha vai além, resume a obra e faz uma avaliação sobre ela, apresentando suas linhas básicas, deve avaliá-la, mostrando seus pontos fortes e fracos.
A resenha pode ser de um ou mais capítulos, duma coleção ou mesmo de um filme. Apresenta falhas, lacunas e virtudes, explora o contexto histórico em que a obra fora elaborada e faz comparações com outros autores. Conhecida como resumo crítico, a resenha só pode ser elaborada por alguém com conhecimentos na área, pois sua elaboração exige opinião formada, pois além de resumir, o resenhista avalia a obra, sustentando suas considerações, deve embasá-las seja com evidências extraídas da própria obra ou de outras de que se valeu para elaborar a resenha.

Tipos de Resenha

Até agora eu falei sobre as resenhas de uma forma geral e livre e esses dados são suficientes para você já esboçar alguns parágrafos.
Contudo, as resenhas apresentam algumas divisões que vale destacar. A mais conhecida delas é a resenha acadêmica, que apresenta moldes bastante rígidos, responsáveis pela padronização dos textos científicos. Ela, por sua vez, também se subdivide em resenha crítica, resenha descritiva e resenha temática.
Na resenha acadêmica crítica, os oito passos a seguir formam um guia ideal para uma produção completa:
1.      Identifique a obra: coloque os dados bibliográficos essenciais do livro ou artigo que você vai resenhar;
2.      Apresente a obra: situe o leitor descrevendo em poucas linhas todo o conteúdo do texto a ser resenhado;
3.      Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítulos, em seções, sobre o foco narrativo ou até, de forma sutil, o número de páginas do texto completo;
4.      Descreva o conteúdo: Aqui sim, utilize de 3 a 5 parágrafos para resumir claramente o texto resenhado;
5.      Analise de forma crítica: Nessa parte, e apenas nessa parte, você vai dar sua opinião. Argumente baseando-se em teorias de outros autores, fazendo comparações ou até mesmo utilizando-se de explicações que foram dadas em aula. É difícil encontrarmos resenhas que utilizam mais de 3 parágrafos para isso, porém não há um limite estabelecido. Dê asas ao seu senso crítico.
6.      Recomende a obra: Você já leu, já resumiu e já deu sua opinião, agora é hora de analisar para quem o texto realmente é útil (se for útil para alguém). Utilize elementos sociais ou pedagógicos, baseie-se na idade, na escolaridade, na renda etc.
7.      Identifique o autor: Cuidado! Aqui você fala quem é o autor da obra que foi resenhada e não do autor da resenha (no caso, você). Fale brevemente da vida e de algumas outras obras do escritor ou pesquisador.
8.      Assine e identifique-se: Agora sim. No último parágrafo você escreve seu nome e fala algo como “Acadêmico do Curso de Enfermagem da FACIMED”
Na resenha acadêmica descritiva, os passos são exatamente os mesmos, excluindo-se o passo de número 5. Como o próprio nome já diz, a resenha descritiva apenas descreve, não expõe a opinião o resenhista.
Finalmente, na resenha temática, você fala de vários textos que tenham um assunto (tema) em comum. Os passos são um pouco mais simples:
  1. Apresente o tema: Diga ao leitor qual é o assunto principal dos textos que serão tratados e o motivo por você ter escolhido esse assunto;
  2. Resuma os textos: Utilize um parágrafo para cada texto, diga logo no início quem é o autor e explique o que ele diz sobre aquele assunto;
  3. Conclua: Você acabou de explicar cada um dos textos, agora é sua vez de opinar e tentar chegar a uma conclusão sobre o tema tratado;
  4. Mostre as fontes: Coloque as referências Bibliográficas de cada um dos textos que você usou;
  5. Assine e identifique-se: Coloque seu nome e uma breve descrição do tipo “Acadêmico do Curso de Letras da Universidade de Caxias do Sul (UCS)”.

De uma boa resenha devem constar:

·         a referência bibliográfica da obra, preferencialmente seguindo a ABNT;
·         alguns dados biográficos relevantes do autor (titulação, vínculo acadêmico e outras obras, por exemplo);
·         o resumo da obra, ou síntese do conteúdo, destacando a área do conhecimento, o tema, as idéias principais e, opcionalmente, as partes ou capítulos em que se divide o trabalho;
·         as categorias ou termos teóricos principais de que o autor se utiliza, precisando seu sentido, o que ajuda evidenciar seu approach teórico, situando-o no debate acadêmico e permitindo sua comparação com outros autores.
·         Aqui não só se deve expor claramente como o autor conceitua ou define determinado termo teórico, mas já se deve introduzir críticas, seja à utilização ou à própria conceituação feita pelo autor;
·         A avaliação crítica é o ponto alto da resenha, onde o recensor mostra seu conhecimento, dialoga com o autor e/ou com leitor, dá-se ao direito de proceder a um julgamento.

Há vários tipos de críticas, mas destacam-se:
(a) a interna, quando se avalia o conteúdo da obra em si, a coerência diante de seus objetivos, se não apresenta falhas lógicas ou de conteúdo;
(b) a externa, quando se contextualiza o autor e a obra, inserindo-os em um quadro referencial mais amplo, seja histórico ou intelectual, mostrando sua contribuição diante de outros autores e sua originalidade.

Deve-se certamente apresentar e comentar pontos específicos, fortes ou fracos do trabalho, mas estes devem ser relevantes. Nada mais deplorável do que uma crítica vazia de conteúdo, sem base teórica ou empírica, que lembre preconceito. Ou elogios gratuitos, que podem parecer corporativismo ou "puxa-saquismo". (Anônimo, 2005)
Embora o texto a ser resenhado tenha um/a autor/a, o/o recenseador/a deve ser o/a autor/a do seu trabalho; quer dizer, é preciso manter a identidade de quem escreveu o trabalho que você está analisando, mas é preciso transparecer a sua presença, como voz crítica sobre o texto.

Procedimentos da resenha

1o Passo - Leitura total da obra a ser resenhada;
2o Passo - leitura pormenorizada, fazendo os destaques da partes mais significativas, que servirão de fio condutor para elaboração do texto da resenha;
3o Passo - elaboração de um esquema com as principais etapas a serem desenvolvidas pela resenha;
4o Passo - construção do texto propriamente dito;
5o Passo - revisão do texto, correção e aprimoramento.

Necessidades

a)      Toda resenha deve ser o mais bem identificada possível, daí as seguintes necessidades:
b)     cabeçalho contendo o nome da instituição de ensino, título da resenha com identificação do texto resenhado, autor/a da resenha, objetivo do trabalho, local e data.
c)      Texto dissertativo contendo: introdução, corpo principal do texto e conclusão com apreciação crítica.
d)     Bibliografia.

Dicas Importantes

·      A recensão deve cumprir um objetivo claro: comunicar ao leitor os aspectos essenciais da obra em questão e situá-lo no assunto da melhor maneira possível.
·      A forma da resenha, isto é, o texto deve ser claro, inteligível e dinâmico. O/A leitor/a deve ter prazer nesta leitura e deve sentir-se convidado/a à leitura do texto resenhado. Para isso, é imprescindível o uso das normas padrão da língua portuguesa.
·      Caso haja necessidade de citação do próprio texto resenhado, isso deve ser feito entre aspas e/ou em destaque. Sempre deve haver referência bibliográfica.
·      Por vezes, é interessante fazer uma pesquisa mais abrangentes sobre o/a autor/a do texto resenhado, sobre o assunto em questão e sobre a situação atual da pesquisa científica sobre o tema. Esses esclarecimentos, quando convenientes, devem abrir a resenha e preparar o comentário sobre o texto em pauta.

Conclusão

Fazer uma resenha parece muito fácil à primeira vista, mas devemos tomar muito cuidado, pois dependendo do lugar, resenhistas podem fazer um livro mofar nas prateleiras ou transformar um filme em um verdadeiro fracasso.
As resenhas são ainda, além de um ótimo guia para os apreciadores da arte em geral, uma ferramenta essencial para acadêmicos que precisam selecionar quantidades enormes de conteúdo em um tempo relativamente pequeno.


REFERÊNCIAS

  1. Anônimo. Fazendo resenhas. Disponível em: <www.vestibular1.com.br> acesso em: 17 de março de 2005.

  1. Colégio Rainha da Paz. Projetos: Língua Portuguesa e Literatura – Resumo: A Norma NBR 6028. 10 de agosto de 2004. Disponível em: <http://www.rainhadapaz.g12.br/projetos/ portugues/producaotextos/resumo_nbr6028.htm> acesso em: 17 de fevereiro de 2008.

  1. CRUZ, Carla & RIBEIRO, Uirá.  2004. Metodologia Científica: Teoria e Prática. 2ª ed. Axcel Books do Brasil Editora, Rio de Janeiro, RJ, p.324.

  1. COSENZA, Gilse. Universitárias. Revista Presença Mulher, São Paulo, v. 6, n. 24, p. 6-7, jan./fev./mar., 1993.

  1. GALLIANO, A. Guilherme. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. p. 200

  1. GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p107.

  1. LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991. p.231.